Femen

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quarta-feira, 19 de março de 2014

Meu ventre.

Ei bicho-homem,
Por quanto tempo me arrastou pelos cabelos?
De quantas palavras de ordem usou pra me diminuir?
Por quanto séculos ditou regras do meu não-poder?
E se assusta agora?
Quer render teu patriarcalismo nos seios a mostra das vadias que lutam?
Ao ser-homem eu digo: que o meu ventre invente o que ele quiser.
 
 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Tem gente matando gente. Qual o mal em amar?

Não é só um clichê bobo considerar justa toda a forma de amor. Considero justa toda a entrega, todo sentimento verdadeiro, todo carinho, todo toque. Um abraço, um beijo estalado, no rosto, na boca. Se você olha e o olhar é retribuído, penso "pq não?". Não há mal em amar, em ter vontade de estar junto, em firmar um laço de afeto (por uma noite, ou pela vida inteira). Os que não entendem isso morrem sem conhecer a dádiva de ser livre. Somos seres pensantes, animais racionais. Sabemos o que queremos, mas poucos tem coragem de viver 100% do que desejam e menos coragem ainda pra lidar com o que resta do amor.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Grito sem voz.

Quando escuto falar sobre abuso sexual contra uma mulher adulta, que tem seu corpo invadido e muitas vezes é sinalizada como "piriguete que sai sozinha na rua de roupa curta, pedindo para ser comida" sinto enjoo, revolta, raiva. Quando escuto falar sobre esse ato criminoso, monstruoso e doentio contra uma criança, minha vontade é de ir ao encontro do causador do abuso e lhe dar um tiro na cabeça. Essa semana tenho lido vários artigos e a própria carta escrita por Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen. Ela relata em sua carta a maneira como foi abusada sexualmente, na infância, por aquele que ela chamou de pai e o como médicos, especialistas e a própria fama do pai mascararam esse ato cruel e nojento.  A carta na íntegra você encontra aqui (http://oglobo.globo.com/cultura/dylan-farrow-qual-seu-filme-favorito-de-woody-allen-11479372#ixzz2sGAjSU00)

Woody já havia sido acusado outra vez desse mesmo crime, mas saiu ileso e inocente das acusações. E quanto a acusação feita por Dylan, ela foi rotulada como uma criança que não tinha maturidade intelectual para discernir realidade e fantasia. Há tanta bizarrice e crueldade incutida no relato dessa jovem que não tenho coragem de imaginar o que ela passou. A justiça o fez inocente, ok. Mas o que penso é apenas que isso acaba reforçando o medo que muitas pessoas tem de denunciar esse ato, causando culpa na própria vítima. Dylan chegou a dizer que se sentiu culpada por inúmeras vezes ao ter permitido que ele se aproximasse de outras crianças. Entendem como isso é doentio? É um ato tão desumano que faz a vítima se sentir culpada. Até quando meu Deus? 
Espero que justiça seja feita e que o poder da mídia, do sucesso e de inúmeras outras influências não mascare mais uma vez a monstruosidade relatada por essa jovem. 
Sem mais. 


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ônibus lotado, um relato.

Ontem, 11/12/13, pra alguns um dia quase místico, mas para mim, simples moradora do Estado do Rio de Janeiro, assalariada e que depende de transporte público para chegar ao trabalho, foi um dia de caos. É só abrir qualquer página do google referente aos estragos que a chuva causou no Rio e ver exatamente do que estou falando. Mas não é exatamente dos assuntos referentes a falta de estrutura, transporte público, investimentos diversos desse Estado que estou escrevendo este texto, é pra contar uma experiência que vivenciei ontem.
Após duas horas de espera no ponto de ônibus, eis que passa o veículo e para completamente LOTADO e eu, sem opções subo. Era daqueles que a roleta é na frente. Roleta? Mal conseguia enxergá-la. Antes dela haviam uns cinco rapazes espremidos. Como disse, sem opções resolvi subir e me senti um sardinha enlatada. Mas esse não foi o maior problema. Assim que coloquei o pé no primeiro degrau já fui logo ouvindo "Senta no meu colo gostosa que aqui tem espaço pra você". Abaixei os olhos e fiquei ao lado do capô. Os outros rapazes riram e eu constrangida e com nojo tive vontade de descer na mesma hora, mas isso não melhoria a situação e nem faria efeito maior naquele rapaz. E nos próximos pontos de ônibus que se seguiam o motorista resolveu que não ia mais parar pois não havia mais possibilidade de o ônibus ter mais nenhum cidadão dentro dele. Porém sempre que os rapazes (grudados uns nos outros e em mim) avistavam moças nos pontos, colocavam suas bocas para fora da janela e gritavam "Sobe neném, aqui no meu colo você vai leve", "Vem que aqui sempre cabe mais uma", "Fica a pé tribufú, porque pra você o ônibus não parava nem vazio" e por ai vai... Muitas pessoas (inclusive mulheres) riam desses babacas que pareciam estar num espetáculo e justificavam suas barbaridades como sendo o "passa-tempo" e "diversão" para o engarrafamento monstro que enfrentávamos. Eu ali, ao lado e entre eles, sufocando, com vontade de debater, discutir. Mas fiquei ali, coagida, acoada ate enfim conseguir chegar ao meu destino. Acabou que durante o meu dia de ontem inúmeras coisas foram acontecendo e eu acabei me esquecendo de tal fato que nem cheguei a comentar com ninguém. Lembrei-me a pouco e resolvi compartilhá-lo aqui.
E agora pergunto: ATÉ QUANDO? Não somos objetos em exposição. Não somos artigos para compra ou propriedade. RESPEITO a identidade feminina não há. E a fragilidade imposta a nós mulheres muitas vezes nos faz calar, assim como fez a mim, no dia de ontem... E ai vai o machismo nosso de cada dia... E ai vai algumas de nós achando isso normal... E não é nossa culpa assim pensar. Quem ensinará que é errado? Pra refletir...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Resumindo.

Quantas vezes, equivocadamente, você ouviu pessoas dizerem que dentre as questões feministas estão:
  1. As feministas não gostam de homens;
  2. Todas são lésbicas;
  3. Querem ser "superior" ao sexo oposto;
  4. Odeiam bebês;
  5. Todas são contra o casamento, o heterossexual principalmente;
  6. Não acreditam em Deus;
  7. São violentas e extremistas;
  8.  Andar nuas na rua é uma das lutas mais importantes da classe;
  9. São todas vadias que querem chamar a atenção;
  10. Precisam ter um "homem de verdade" ao lado.
Eu já ouvi, infelizmente, muitas vezes cada um desses comentários. Mas desde quando isso é feminismo? Desde que começou a se vender essa ideia completamente errônea. RESUMIDAMENTE falando conheço uma imagem capaz de destruir de uma só vez esses dez argumentos furados e muitos outros disseminados por ai. FEMINISMO É ISSO:


 Escrito por uma mulher, feminista, heterossexual, igualitária, apaixonada, doida pra ser mãe, católica, pacífica, sensata e independente!

Carpe Diem moç@s

Machismo nosso de cada dia.

Oi moç@s.

Tenho parado para me perguntar até onde a postura individual de uma mulher pode interferir no pré-julgamento de qualquer outra mulher no mundo. Ou seja, eu posso sair para badalar, usar um vestido avassalador, um salto alto e o melhor perfume do mundo e simplesmente não querer nenhum cara do meu lado nesse momento. Assim como eu posso estar completamente com o olhar distraído, vestindo longo, mas ter pensamento em um cara que eu desejo estar ao lado. Mas até onde eu estar na balada, de vestido curto com as minhas amigas, do mesmo modo, influencia a opinião a meu respeito, a respeito do que eu quero, do como eu penso e do que os outros pensam das mulheres que assim como eu estão vestidas, ou comportam-se? Até onde somos todas "farinha do mesmo saco". Até onde a minha roupa, o meu jeito escandaloso de sorrir e até mesmo a sutilidade quase infantil do meu jeito de andar define o que eu realmente seja ou queira?
Aqui escreve uma mulher de quase 28 anos que já passou por inúmeras fases e que já sofreu na pele o machismo cruel de alguns rapazes. Uma mulher que já foi oprimida pelo machismo e que quase chegou a render-se a ele. Mas, acima de tudo, aqui escreve uma mulher que jamais aceitará ser chamada de "puta" pelo número de namorados que teve, ou pelo número de carinhas que já saiu sem compromisso algum e que entende que se tivesse nascido homem não teria nem motivos para estar escrevendo esse blog. Quem ditou as regras? Somos descendentes de mulheres que lutaram e lutaram muito... Lutaram pelo direito ao direito ao voto, ao trabalho reconhecido, aos estudos... Quem impôs que nossos corpos seriam de domínio de nossos parceiros, ou de um único parceiro para a vida toda? Quem inventou que se você pode contar quantos caras uma mulher transou  isso vale para determiná-la como uma puta ou uma santa?
Sei que ouvir "SE DÊ AO RESPEITO", me ensurdece! O respeito é meu por direito. Nasci com ele e ninguém pode tirá-lo. Ninguém pode tocar em mim sem minha autorização. Ninguém pode julgar-me sem me conhecer. Ninguém tem o direito de me definir. Pois na maioria das vezes irá errar.
Caráter, lealdade, fidelidade, religiosidade, romantismo, inteligência são CARACTERÍSTICAS HUMANAS aplaudidas e cada uma dessas características independe totalmente DA MINHA POSTURA FEMINISTA.
HUMANIDADE FEMININA É A QUESTÃO, SER OBJETO NUNCA FOI!

Muito ainda pra pensar, pra dizer e pra escrever... Mas deixa para o próximo post.

Carpe Diem moç@s.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Paranoia


Escrevi isso, em 2009, eu acho. Tava louca, dopada, sei lá. Tava depressiva, sem chão, sem família, sem mãe... Lendo assim parece até um drama barato, mas me sinto desprovida da capacidade de detalhar o que era eu nessa época. Adiantando, havia um espelho num quarto em que eu vivia trancada, mesmo quando a fase chata ainda não tinha chegado. Chata é pouco. Pior, feia, escura, mortal fase, mas superada! E o espelho era lindo, simples e foi um presente. Ele era um amigo, grande amigo. Daqueles que te falam a verdade sobre o que você é... Mas ele foi uma amigo cruel durante alguns meses... Me mostrava a triste verdade do que eu era, definhando em vida. Morrendo... De saudades, principalmente. Um dia olhei pro tal do espelho e vi algo diferente, feio, irreconhecível, era eu. Eu tava meio tonta, por causa de alguns dos vários "tarja preta" que eu era obrigada a tomar, vi algo torto, amorfo, mas achei que valia a pena escrever sobre o que eu via. Peguei um caderninho preto, cheio de outras letras e poesias e, meio sem saber qual seria a próxima palavra depois da última, fui escrevendo. Quando terminei pensei no título daquilo sem sentido e por isso mesmo dei ao escrito o nome desta postagem. Passou, está superado e eu escuto e acho bonito. Sim escuto. O que eu escrevi virou música... Tem gente que conhece e até já sabe a história dessa canção e outros não fazem ideia. As vezes sinto vontade de pedir respeito a quem conhece e escuta e canta, porque só eu sei em cima do que ela foi escrita. Mas no fundo, sinto orgulho de saber que, de alguma maneira, quase melancólica, ela faz bem pra quem ouve, pois "Paranoia" foi a única coisa bonita que nasceu em meio a tanta dor. Depois veio a cura e sou tão feliz que é difícil até pra mim acreditar que antes foi bem assim:

" PARANOIA

Aquele espelho ali no quarto,
Fica embaçada, toda figura.
Até o bonito fica quadrado.
Nada se encaixava naquela moldura.

Não se vê um rosto iluminado,
Dentro do espelho daquele quarto.
Não se vê um corpo enfeitado,
Dentro do espelho daquele quarto.

Aquele segredo ficou esquecido,
Toda paranoia e confusão também.
Até o sábio ficou empobrecido
De toda ideia que ele tem

Não se vê uma forma definida,
Dentro do espelho daquele quarto.
Não se vê nem fumaça, nem neblina,
Dentro do espelho daquele quarto.

Nem me vejo mais ali."

Para ouvir a música, clique aqui.