Femen

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Paranoia


Escrevi isso, em 2009, eu acho. Tava louca, dopada, sei lá. Tava depressiva, sem chão, sem família, sem mãe... Lendo assim parece até um drama barato, mas me sinto desprovida da capacidade de detalhar o que era eu nessa época. Adiantando, havia um espelho num quarto em que eu vivia trancada, mesmo quando a fase chata ainda não tinha chegado. Chata é pouco. Pior, feia, escura, mortal fase, mas superada! E o espelho era lindo, simples e foi um presente. Ele era um amigo, grande amigo. Daqueles que te falam a verdade sobre o que você é... Mas ele foi uma amigo cruel durante alguns meses... Me mostrava a triste verdade do que eu era, definhando em vida. Morrendo... De saudades, principalmente. Um dia olhei pro tal do espelho e vi algo diferente, feio, irreconhecível, era eu. Eu tava meio tonta, por causa de alguns dos vários "tarja preta" que eu era obrigada a tomar, vi algo torto, amorfo, mas achei que valia a pena escrever sobre o que eu via. Peguei um caderninho preto, cheio de outras letras e poesias e, meio sem saber qual seria a próxima palavra depois da última, fui escrevendo. Quando terminei pensei no título daquilo sem sentido e por isso mesmo dei ao escrito o nome desta postagem. Passou, está superado e eu escuto e acho bonito. Sim escuto. O que eu escrevi virou música... Tem gente que conhece e até já sabe a história dessa canção e outros não fazem ideia. As vezes sinto vontade de pedir respeito a quem conhece e escuta e canta, porque só eu sei em cima do que ela foi escrita. Mas no fundo, sinto orgulho de saber que, de alguma maneira, quase melancólica, ela faz bem pra quem ouve, pois "Paranoia" foi a única coisa bonita que nasceu em meio a tanta dor. Depois veio a cura e sou tão feliz que é difícil até pra mim acreditar que antes foi bem assim:

" PARANOIA

Aquele espelho ali no quarto,
Fica embaçada, toda figura.
Até o bonito fica quadrado.
Nada se encaixava naquela moldura.

Não se vê um rosto iluminado,
Dentro do espelho daquele quarto.
Não se vê um corpo enfeitado,
Dentro do espelho daquele quarto.

Aquele segredo ficou esquecido,
Toda paranoia e confusão também.
Até o sábio ficou empobrecido
De toda ideia que ele tem

Não se vê uma forma definida,
Dentro do espelho daquele quarto.
Não se vê nem fumaça, nem neblina,
Dentro do espelho daquele quarto.

Nem me vejo mais ali."

Para ouvir a música, clique aqui.